terça-feira, 19 de junho de 2007

DNA


Esta actividade não foi iniciativa da Biblioteca, mas gostámos tanto que não resistimos a mostrar.


Toda a estrutura é feita por latas de refrigerantes e garrafas de plástico.


Tudo isto tem um certo tom "Dada".







Miguel Torga 1


No centenário de Miguel Torga, promovemos algumas actividades, das quais mostramos o "pódium" dos melhores trabalhos gráficos que os alunos fizeram baseando-se nos diversos contos do livro "Bichos".
Os alunos premiados foram:
1º Ana Caroline, do 8º C.
2º Adriana saldanha, do 8º B.
3º Bárbara Sousa, 8º C.
Para elas os nossos parabéns.
Mas não são só elas que merecem o nosso apreço. Todos os que participaram na actividade contribuiram para o objectivo mais importante: promover a leitura e a capacidade de expressão dos alunos.
A todos os que participaram, o nosso obrigado.

Dia das Nações Unidas


Um dos elementos da exposição.

Homenagem a Rómulo de Carvalho/António Gedeão








Estas imagens ilustram parte das actividades que promovemos em homenagem a Rómulo de Carvalho. A iniciativa estendeu-se para outros espaços para além da biblioteca.
Infelizmente não temos registo de um momento fundamental: a declamação dos poemas nas escadas da escola por alunas. Resultou muito bem mas, com tamanha azáfama, esquecemo-nos da máquina de fotografar.

Homenagem a Hergé


segunda-feira, 18 de junho de 2007

António Feliciano de Castilho 1







A biblioteca possui um exemplar de uma edição de 1906 deste livro, a qual, aparentemente, não está referenciada no catálogo on-line da Biblioteca Nacional.


O especial interesse que suscita em nós justifica-se pelo facto de a acção da narrativa se desenrolar em locais da nossa região: na Bairrada e no Buçaco.



Publicamos um pequeno ensaio de uma professora da escola, membro da equipa da biblioteca.




SOBRE MIL E UM MISTÉRIOS

Centrado em Aguim, onde Castilho tinha raízes familiares, mas com referências a muitas outras localidades bairradinas, Peneireiro, Mealhada, Tamengos, Luso, Águeda, entre outras, este romance de Castilho recria a vida na Bairrada nos meados do século XIX.
Trata-se de uma obra inacabada, cujos primeiros vinte capítulos foram publicados em 1845. Só postumamente foram dados à estampa mais dez capítulos e um fragmento de um manuscrito intitulado O Frade, encontrado como continuação do romance e introduzido por uma explicação prévia dos editores. Embora este fragmento acrescente umas dezenas de páginas à acção do romance, não lhe dá o desfecho tão desejado já que termina a meio de uma descrição da porta de Almedina em Coimbra. O romance, assim aumentado, integrou a edição das Obras Completas de António Feliciano de Castilho em 1907, com os tomos 52 e 53.
Em 1938 a Editora Civilização do Porto reedita esta obra em apenas um volume, não deixando de incluir o fragmento do manuscrito e informando os leitores que este teria ficado na posse do secretário de Castilho. Só em 1997 surge uma nova edição de Mil e Um Mistérios, desta vez por iniciativa do escritor bairradino Arsénio Mota, integrada na colecção Textos Literários da Câmara Municipal de Águeda. Não inclui nem faz qualquer referência ao fragmento. É interessante notar que, no prefácio a esta edição, valioso texto para enquadramento da obra, Arsénio Mota afirma não conhecer qualquer outra edição entre 1907 e 1997, considerando a da Câmara Municipal de Águeda como a segunda que inclui as duas partes. Parece desconhecer, portanto, a edição de 1938 da Editora Civilização.
Se este romance não tivesse mais nenhum mérito – e tem certamente muitos, pela frescura e graça das personagens e respectivas peripécias e pelo que nos permite reconstituir do que era a vida do povo bairradino naquela época, para além de ser mais um exemplo da mestria com que Castilho dominava a prosa em língua portuguesa – ele devia merecer a atenção dos bairradinos por conter a que talvez seja a mais bela descrição da Mata do Buçaco, incluída no capítulo XXX, a que Castilho dá o nome de O Ermo.
Começa por descrever o património natural, enumerando e descrevendo as espécies arbóreas mais pujantes, numa profusão de nomes, de adjectivos e de verbos que pintam com minúcia ao leitor uma bela tela de formas e de cambiantes de verde. As árvores enchem-se de vida: elas dançam, abraçam-se, correm, vestem-se, calçam-se… Há alcatifas de veludo vegetal, um pórtico com cortinas verdes bordadas, um lago de musgo, uma gruta de folhagem, entre outras maravilhas da natureza indomada. Passa à descrição do património construído, referindo-se às ruas largas, às ermidinhas agora desertas, às imagens abandonadas, para depois se deter no velho convento onde tudo é silêncio e solidão. Já não há presença humana mas ela é evocada através dos lugares que ficaram vazios com a saída dos Carmelitas Descalços. Finalmente todo este cenário poético, marcadamente romântico, recebe a presença do homem, o rústico João, herói escolhido por Castilho para protagonizar o seu romance bairradino, e com ele retoma o fio da narrativa até ao final do capítulo, que é o último na edição mais recente.
Tratando-se de um escritor cego desde tenra idade, surge a inevitável pergunta: que olhos terão descrito a Castilho aquele cenário?
É, sem dúvida, um belo trecho de prosa poética que merece maior divulgação.
Aqui o reproduzimos.


Clara Andrade

Auden: poema Funeral Blues, 1936


A primeira versão do poema Funeral Blues foi escrita por Auden em 1936, aparentemente parodiando o desaparecimento de um líder político, na peça em verso A Subida do F6.
Embora possa não ter sido essa a intenção original, este poema tem sido utilizado na cultura ocidental para exprimir um sentimento forte de perda e de luto, quer individual quer colectivo.
Foi assim no filme Quatro casamentos e um funeral em que, num momento pungente da acção, o poema é lido por Mattew em homenagem ao seu companheiro morto;
Foi assim no estádio belga de Heysel Park, em que o poema apareceu como o contributo inglês para o memorial aos 39 mortos que resultaram dos acontecimentos ocorridos durante o jogo entre o Liverpool e a Juventus, em Maio de 1985.
Foi musicado por Benjamin Britten e incluído num trabalho com outros poemas sob o título Cabaret Songs.
Foi incluído noutros trabalhos musicais de nomes menos conhecidos da música actual.



Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone.
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He is Dead,
Put crépe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song,
I thought that love would last forever: 'I was wrong'

The stars are not wanted now, put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.



Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Não deixem o cão ladrar aos ossos suculentos,
Silenciem os pianos e abafem o tambor
Tragam o caixão, deixem passar a dor.


Que os aviões voem sobre nós lamentando,
Escrevinhando no céu a mensagem: Ele Está Morto,
Ponham laços de crepe nos pescoços das pombas da região,
Que os polícias de trânsito usem luvas pretas de algodão.


Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Este e Oeste,
A minha semana de trabalho, o meu descanso de domingo,
O meu meio-dia, a minha meia-noite, a minha conversa, a minha canção;
Pensei que o amor ia durar para sempre: “não tinha razão”.


Agora as estrelas não são necessárias: apaguem-nas todas;
Emalem a lua e desmantelem o sol;
Despejem o oceano e varram a floresta;
Pois agora nada mais de bom nos resta.

Auden: poema Musée des Beaux Arts

O título deste poema de W. H. Auden foi retirado dos Musées Royaux des Beaux-Arts da Bélgica, onde está depositado uma pintura de Brueghel, “Paisagem com a Queda de Ícaro”. Esta obra do mestre flamengo representa uma paisagem, onde se pode observar vários tipos de pacíficos trabalhos agrícolas e a navegação tranquila de barcos, enquanto um pormenor no canto inferior direito nos remete para a lenda de Ícaro, no momento em que, depois de se tentar aproximar do Sol, cai ao mar.
Onde muitos autores viram a representação de um exemplo de falta de prudência, Auden remete-nos para uma outra interpretação, não académica, do tema em causa.







Sobre o sofrimento tiveram sempre razão
Os Velhos Mestres; perceberam lindamente
A sua humana posição; como habitualmente ocorre
Enquanto outros comem ou abrem uma janela ou simplesmente passeiam;
Como, enquanto os idosos aguardam reverente e ardentemente
Pelo milagroso nascimento, tem de haver
Crianças que não queriam especialmente que acontecesse, patinando
Num lago na orla da floresta;
Nunca esqueceram
Que até o atroz martírio deve decorrer
Algures a um canto, um local grosseiro
Onde os cães continuam a sua vida de cão e o cavalo do algoz
Esfrega atrás de uma árvore o inocente traseiro.
No Ícaro de Breughel, por exemplo: como tudo se desvia
Calmamente do desastre; o lavrador por certo teria
Ouvido o splash, o grito desvalido,
Mas para ele não era um fracasso importante; o Sol brilhava
Como devia nas pernas brancas que no mar esverdeado
Se sumiram; e o barco sumptuoso e delgado que terá vislumbrado
Algo de extraordinário, um rapaz do céu caído,
Tinha algures para onde ir e calmamente vogava.

Centenário de W. H. Auden 1907-1973

Assinalámos o centenário do nascimento deste autor inglês.

Wystan Hugh Auden nasceu em York, Inglaterra, em 1907.
Durante a infância viveu em Birmingham e estudou em Oxford.
Na sua juventude foi influenciado pela poesia de nomes como Thomas Hardy, William Blake e Emily Dickinson, entre outros. Em Oxford, a sua precocidade como poeta foi logo notada e fez amizades duradouras com escritores como Christopher Isherwood.
Em 1928, Auden publicou o seu primeiro livro de versos e a sua colectânea Poems de 1930 consagrou-o como a voz de uma nova geração.

Desde então tem sido admirado pelo seu virtuosismo técnico e pela sua capacidade de escrever poemas em qualquer forma de verso. Além disso, incorporava na sua obra a cultura popular e os acontecimentos do dia a dia, assim como alguma linguagem vernácula. Também lhe é reconhecida uma enorme força intelectual emanada do conhecimento que tinha de uma extraordinária variedade de literaturas, de formas de arte, de teorias sociais e políticas e de informação científica e técnica.


Visitou a Alemanha, a Islândia e a China, combateu na Guerra Civil de Espanha e, em 1939, mudou-se para os Estados Unidos, onde conheceu o seu companheiro, Chester Kallman, e se naturalizou americano.
As ideias de Auden alteraram-se radicalmente desde os anos de juventude em Inglaterra, em que era um ardente defensor do socialismo e da psicanálise Freudiana. Na sua fase mais tardia, na América, a sua preocupação central tornou-se o Cristianismo e a teologia dos protestantes modernos. Sendo um escritor prolífico, também se tornou um destacado dramaturgo, autor de libretos, editor e ensaísta.
Geralmente considerado o maior poeta inglês do séc. XX, a sua obra exerceu grande influência nas gerações seguintes de poetas de ambos os lados do Atlântico.

W. H. Auden foi Chanceler da Academia dos Poetas Americanos de 1954 a 1973 e dividiu a maior parte da segunda metade da sua vida entre as residências em Nova Iorque e na Áustria.
Morreu em Viena em 1973.

Poesias colhidas ao longo do ano 2

O POEMA

Esclarecendo que o poema
é um duelo agudíssimo
quero eu dizer um dedo
agudíssimo claro
apontado ao coração do homem
falo
com uma agulha de sangue
a coser-me todo o corpo
à garganta

e a esta terra imóvel
onde já a minha sombra
é um traço de alarme

Luiza Neto Jorge





O binómio de newton é tão belo como a Vénus de Milo.
O que há é pouca gente para dar por isso.

óóóó—óóóóóóóóó—óóóóóóóóóóóóóóó

(o vento lá fora)

Fernando Pessoa

Poesias colhidas ao longo do ano 1

ACORDE PERFEITO

Oh, os ramos do verão—

onde as cigarras
cantam
ou a cal

queima
Lentamente o coração

Eugénio de Andrade




Biografia


Tive amigos que morriam, outros que partiam
Outros quebravam o seu rosto contra o tempo.
Odiei o que era fácil
Procurei-me na luz no mar no vento

Sophia

Dia Internacional das Bibliotecas Escolares



Neste dia, 23 de Outubro, divulgámos poesia em marcadores de livros.




Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa

Mudam-se os tempos, mudam-se
as vontades,


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.

0 tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mór espanto:
que não se muda já como soía.

Luís de Camões



MOCIDADE

A mocidade esplêndida, vibrante,
Ardente, extraordinária, audaciosa,
Que vê num cardo a folha duma rosa,
Na gota de água o brilho dum diamante;

Essa que fez de mim Judeu Errante
Do espírito, a torrente caudalosa,
Dos vendavais irmã tempestuosa,
Trago-a em mim vermelha, triunfante!

No meu sangue rubis correm dispersos:
Chamas subindo ao alto nos meus versos,
Papoilas nos meus lábios a florir!

Ama-me doida, estonteadoramente,
Ó meu Amor! Que o coração da gente
É tão pequeno ... e a vida, água a fugir ...

Florbela Espanca, Sonetos

sexta-feira, 15 de junho de 2007

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Bibliotecas Escolares


Florbela Espanca




Continua a ser dos poetas mais apreciados.



Quando refiro aos alunos (quase sempre alunas), a personalidade turbulenta da autora, não falha...